Localizada em plena Praça do Município, é ladeada, pelo seu lado
esquerdo, por uma das principais vias de acesso à mesma, a Rua Visconde da
Coriscada. Trata-se de uma construção classificada como Imóvel de
Interesse Público por despacho de Dezembro de 1980 e pelo Dec. 67/97, de 31
de Dezembro.
Pela mistura de estilos que apresenta, é difícil de fazer a sua
datação. Na fachada lateral esquerda encontra-se uma curiosa placa com a
data de 1601 nela inscrita. Não será de excluir que a mesma corresponda a uma
primitiva igreja.
O retábulo, como se encontra actualmente, data das obras de
restauro da década de 40 do século XX. O antigo retábulo, datado possivelmente
de 1690 e da autoria dos entalhadores André Dias e Valério Aires, seria em
talha dourada, mas as obras de restauro do século XX, executadas por Albano
França, do Porto, retiraram-lhe o dourado, restando apenas vestígios do mesmo
no pavimento da tribuna. A fachada principal da Igreja data de meados do século XVIII
(1745/ 1755), altura em que a primitiva Igreja terá sofrido importantes obras
de remodelação. As imagens em pedra da Esperança (lado esquerdo), da Caridade
(lado direito), da Fé (ao centro e em cima) e a pedra de armas que se encontram
nesta fachada, datam desta altura.
As telas laterais (lado do Evangelho), que se encontram na
capela-mor, são, possivelmente, desta altura, pois existe avultados pagamentos a um
pintor, José Botelho, para executar umas telas para a mesma. Necessitam de um
estudo mais aprofundado para determinar, com rigor, qual a data da sua
elaboração, bem como o seu autor, pois há estudiosos, nomeadamente Vítor
Serrão, que atribuem as mesmas ao pintor Manuel Pereira de Brito que as teria
pintado por volta de 1718, havendo, nos livros de receita e despesa da Irmandade
desta altura, referências a pagamentos a este pintor.
Em finais do século XIX, inícios do século XX, é equacionada a
venda da Igreja à Câmara Municipal, pela importância de 200 mil réis. O
projecto não se concretizou porque a Câmara não dispunha da referida verba.
Já na década de 40 do século XX, e porque a Igreja apresentava
um avançado estado de degradação, foi a mesma alvo de importantes obras de
remodelação/ reconstrução, datando dessa altura a construção da torre sineira. É igualmente desta época (década de 40 do séc. XX) a pintura do
tecto da Igreja (Imagem de Nossa Senhora da Misericórdia), o fresco que se
encontra por cima do arco do altar-mor, o tecto da capela-mor e o fresco da
parede do coro (representando a “Deposição de Cristo no Túmulo”) pertencendo a
autoria destas pinturas ao professor António Lopes. Os altares laterais, bem como as imagens (S. João Evangelista e
Nossa Senhora das Dores) foram adquiridos a Rafael Pereira Valente, de Vila
Nova de Gaia, em 1947.
Em Dezembro de 1956 o assunto da possível demolição da Igreja,
prevista no Plano de Urbanização do Centro Cívico, volta a ser equacionado. A
decisão foi discutida, inicialmente, entre o Presidente da Câmara e o
Presidente da Comissão Administrativa da Misericórdia, sendo posteriormente o
caso apresentado ao Bispo da Guarda. Apesar da concordância entre estas
diferentes entidades, a maioria dos Irmãos, reunidos em Assembleia Geral, não
anuíram sobre esta demolição (mesmo estando prevista uma compensação monetária
– que poderia servir para a construção de um tão ambicionado hospital – bem
como a cedência da capela de S. Silvestre à Misericórdia), sendo o projecto
novamente abandonado.
Ainda no século XX, no período que se seguiu ao 25 de Abril de
1974, o assunto da demolição é novamente debatido. Desta vez, para além de um
grande número de Irmãos, também a “Associação de Estudo e Defesa do Património
Histórico-Cultural da Covilhã” lutou empenhadamente para que o projecto não se
concretizasse.
Por despacho de 9 de Dezembro de 1980, confirmado pelo Decreto
n.º 67/ 97 de 31 de Dezembro de 1997 é a Igreja da Misericórdia classificada
como “Imóvel de Interesse Público”.
Em 2000 foi construído sob a Igreja um parque automóvel
subterrâneo. Devido aos trabalhos inerentes a esta construção, a Igreja sofreu
danos na sua estrutura. Em consequência, e em 2010, sofre nova intervenção de
vulto, recuperando-se a pintura moral da parede do coro (bastante degradada em
virtude das infiltrações na parede), bem como as telas laterais, do lado do
Evangelho, que se encontram na Capela-mor.
Fonte( Santa casa da Misericórdia)
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