quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Ponte Pedonal sobre a Ribeira da Carpinteira





O antigo edifício do Sanatório dos Ferroviários, demorou 8 anos a ser construído (1928-1936), permaneceu fechado durante outros tantos anos, tendo sido inaugurado a 11 de Novembro de 1944, está implantado na vertente Sul da Serra da Estrela, a uma altitude de 1200 metros, na EN 220, a cerca de seis quilómetros da cidade da Covilhã, em direcção às Penhas da Saúde. Viria a ser arrendado à Sociedade Portuguesa de Sanatórios, com a condição de receber todos os doentes necessitados de tratamento de altitude, tendo cinquenta camas à disposição da Assistência Nacional aos Tuberculosos.
O edifício acolheu, ao longo de mais de 40 anos, muitos milhares de tuberculosos, provenientes de todo o país, que procuravam recuperar da Tuberculose nos bons ares da Serra da Estrela. Apesar de acolher doentes de todas as classes sociais, os doentes menos favorecidos não tenham acesso a todas as alas, algumas destinadas apenas às classes altas, que ali encontravam todo o conforto que o dinheiro podia comprar.
Oito anos após a cedência, o edifício passou para as mãos do Estado, tomando conta dele o Instituto de Assistência Nacional de Tuberculose (IANT), passando também a partir de 1953, a ser internados doentes pobres. O recurso à quimioterapia antituberculose, levou ao encerramento dos sanatórios afastados dos centros urbanos e pouco rentáveis. E o Sanatório das Penhas da Saúde não mereceu diferente sorte, fechando as portas em Junho de 1969 em que,  por ordem do Ministério de Saúde e Assistência, seria dada ordem de encerramento. O seu último director Dr. Carlos Coelho, licenciado em Medicina e Cirurgia pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, acabou por ser o último testemunho do encerramento do Sanatório.
Da autoria do Arquitecto Cottinelli Telmo (1897-1948), a construção do Sanatório garantia a exposição solar de todos os quartos, solários e galerias de cura previstos na planta original. O traçado adoptado - disposição em V aberto ao quadrante Sul - era corrente em instalações similares existentes na Europa e correspondia às recomendações técnicas vigentes na época, permitindo proteger a longa fachada dos ventos laterais. Também a imagem do edifício foi, em grande medida, determinada pelas condicionantes funcionais: a proporção geral e o ritmo dos vãos na fachada decorreram das dimensões generosas atribuídas ao pé-direito (suficientes para garantir um adequado volume de ar nos compartimentos) e do módulo definido pela largura dos quartos, que determina a repetição das janelas estreitas e altas que lhes asseguravam a indispensável insolação. Tinha como objectivo ser uma estância climática para a cura de doenças das vias respiratórias, nomeadamente, a tuberculose.
Actualmente, o grupo Pestana está a construir a futura pousada da Serra da Estrela, com o  projecto do conhecido arquitecto do Porto, Souto Moura. Segundo Souto Moura, a fachada original vai ser mantida, pois «está lá tudo»,e nada vai ser alterado no seu interior, assim como na altura da construção as soluções aplicadas pelo arquitecto criador foram acertadas. Exemplos são a disposição de todo o trabalho de caixaria de portas e janelas, já que o seu criador fê-lo a pensar num «Hotel para doentes».
Presságio ou não, o edifício acabará mesmo como uma unidade hoteleira, com 35 quartos duplos, 16 suites e cinco quartos familiares, que poderão ser configurados como dez quartos individuais, para além de uma suite presidencial.
A preocupação deste arquitecto em criar uma estrutura com baixos custos de manutenção pois estes custos terão muito peso no futuro da gestão da Pousada. Para isso foi pedido ao Estado do Turismo para que a exigência de instalação de ar condicionado, neste tipo de unidade com classificação de cinco estrelas, possa ser revista, já que um «edifício com paredes de dois metros de espessura não precisam de ar condicionado nenhum», palavras do responsável do projecto.
Apenas duas alterações na estrutura do edifício serão visíveis do exterior. Uma nas traseiras, prolongando a zona de cozinha e serviços e outra, logo abaixo do telhado, reabrindo os solários, quebrando o aspecto pesado do edifício. Será um regresso ao projecto original, já que o seu arquitecto foi obrigado a adulterá-lo, quando a CP lhe pediu um alargamento do sanatório. Na altura os solários foram fechados e aproveitados como quartos.
As novas estruturas da pousada, não vão interferir com o conjunto original: o parque de estacionamento, com capacidade para 50 a 60 viaturas será subterrâneo. O parque, com entrada directa para o interior do edifício, terá uma zona de armazenagem de material de Inverno e um outro corredor que ligará ao health club. Esta outra unidade será construída também no subsolo. Este health club subterrâneo é construído num acentuado desnível ali existente, em que será colocada uma parede envidraçada amovível, permitindo a partir da sauna ou da piscina, o contacto com o exterior.
Para além do edifício do sanatório em si, fazem parte do conjunto da estrutura, nas redondezas outros imóveis, como a casa do médico e as antigas casas dos funcionários. A primeira será recuperada e ficará disponível como pequena unidade de alojamento de reserva, para épocas de maior lotação ou ocasiões especiais e as restantes servirão para os funcionários.
O exterior do edifício, à entrada da pousada, terá um pequeno lago artificial e será densamente arborizado.
A abertura está prevista para o final de 2012.


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